Gen. 32:22-31
Introdução:
No mundo em que vivemos, ser apenas bom em alguma coisa não tem feito muita diferença, hoje precisamos ser os melhores no que fazemos. A cultura pós-moderna tende a privilegiar àqueles que se destacam não mais entre a multidão, mas que se destacam no meio daqueles que já são destaques na multidão.
Desde cedo, aprendemos que precisamos estudar para vencermos na vida, e vencer na vida, tomando por base o conceito mundano, é ser financeiramente próspero, é ostentar bens para seu conforto, e é claro, para exibição pública.
Nessa ânsia de alcançar sempre o primeiro lugar em tudo, tocamos nossas vidas, ensinando nossas crianças a desenvolver responsabilidades cada vez mais cedo, hoje, um jovem com 6 ou 7 anos já tem uma agenda completamente lotada de segunda à segunda. São infindáveis estratégias para promover o preenchimento do tempo das crianças, para isso, dispomos de um colégio que requer cerca de cinco horas diárias de dedicação, um segundo idioma que toma mais cerca de duas horas do dia, duas vezes por semana, além disso, matriculamos as crianças em alguma escolinha de futebol ou balé (e aí é onde a cobrança é mais aguçada), para suprir as deficiências da escola, temos professores particulares, natação, dança, etc.
Estamos criando crianças que não tem mais tempo para brincar, que não sentam mais na terra, que não brincam de carrinho, esconde-esconde, ou algo parecido. São “pequenos executivos”, com agenda cheia, e que tem uma única preocupação (colocada pelos pais, evidentemente): vencer na vida!
Desde cedo, aprendemos que precisamos estudar para vencermos na vida, e vencer na vida, tomando por base o conceito mundano, é ser financeiramente próspero, é ostentar bens para seu conforto, e é claro, para exibição pública.
Nessa ânsia de alcançar sempre o primeiro lugar em tudo, tocamos nossas vidas, ensinando nossas crianças a desenvolver responsabilidades cada vez mais cedo, hoje, um jovem com 6 ou 7 anos já tem uma agenda completamente lotada de segunda à segunda. São infindáveis estratégias para promover o preenchimento do tempo das crianças, para isso, dispomos de um colégio que requer cerca de cinco horas diárias de dedicação, um segundo idioma que toma mais cerca de duas horas do dia, duas vezes por semana, além disso, matriculamos as crianças em alguma escolinha de futebol ou balé (e aí é onde a cobrança é mais aguçada), para suprir as deficiências da escola, temos professores particulares, natação, dança, etc.
Estamos criando crianças que não tem mais tempo para brincar, que não sentam mais na terra, que não brincam de carrinho, esconde-esconde, ou algo parecido. São “pequenos executivos”, com agenda cheia, e que tem uma única preocupação (colocada pelos pais, evidentemente): vencer na vida!
E vencer na vida dessa forma não nos trará nada que não seja falta de paz. Muitas dessas crianças, criadas com essa pressão, realmente crescem e “vencem” na vida, tornam-se adultos prósperos, com seus bons empregos, com agenda ainda mais lotada e todos os males que esse estilo de vida podem causar. É impossível vencermos na vida quando não temos tempo de aproveitarmos cada fase de nossas vidas, precisamos aprender a deixar as crianças serem crianças, aos jovens serem jovens, aos adultos serem adultos, e os idosos curtirem sua velhice. A educação e a capacitação são de extrema importância em nosso tempo, mas tais coisas não podem jamais ser a razão do nosso viver, precisamos aprender a viver, precisamos aceitar que não seremos os melhores em tudo. Difícil dizer isso, principalmente para nós brasileiros. Estamos às vésperas de mais uma copa do mundo, e para nós brasileiros, só existem dois resultados, campeões mundiais considerados como a melhor seleção do mundo, ou fracasso total, sinônimo de incompetência, a qual certamente conseguiremos projetar em um bode expiatório, que certamente será o técnico. Não aceitamos o segundo lugar, ser vice-campeão no Brasil é fracasso total, aquilo que para a maioria dos países é um sonho, para o brasileiro é pesadelo! Nós precisamos aprender a perder, necessitamos tirar nossa síndrome de superioridade do nosso coração. Hoje iremos meditar um pouco sobre um homem que não se alegrava em ser o segundo lugar. Um homem que para atingir suas metas usava de todo tipo de estratégia possível. Um homem que não reconhecia pai, irmão, ou qualquer um, quando o assunto era defesa de seus projetos. Hoje estaremos falando sobre a história de Jacó.
Eu peço que deixemos um pouco de lado o texto que lemos, e voltemos alguns capítulos até o XX para que possamos construir nosso conhecimento a respeito desse homem. Primeiro, iremos analisar como se deu o nascimento de Jacó, o capítulo XX, nos informa que Rebeca mãe de Jacó era estéril que Isaque seu marido, havia orado a Deus suplicando para que o Senhor abrisse a madre de sua esposa e que ela viesse a ter filhos para sua posteridade, e para o cumprimento da promessa dada pelo Senhor ao seu pai Abraão. Deus não só o atende, como concede gêmeos. Ali estão para nascer, só que na hora do parto houve tremenda surpresa, ao sair o primeiro menino, chamado Esaú, notou-se que seu irmão veio agarrado em seu tornozelo como nos relata o versículo XX. Levando em consideração que naquela época o nome de alguém tinha grande significado, os pais ao verem a cena, deram nome ao menino chamando-o de Jacó, ou seja, usurpador, enganador. Uma pessoa que queria vencer a todo custo, desde sua primeira aparição na Terra.
Você já ouviu falar de alguém parecido? Aquela pessoa que não admite ser ultrapassada, aquela pessoa que sempre quer se dar bem, não importa o que seja necessário para que isso aconteça. Esse era o perfil de Jacó, um homem que queria vencer a todo custo. E ele permaneceu assim por grande parte de sua vida. Um dia quando seu irmão voltava faminto para casa e encontra Jacó no caminho, pede para que ele o desse um pouco do guisado de lentilhas que tinha em mãos, contudo, Jacó propõe uma negociação com seu irmão, comprando o direito de primogenitura de Esaú pela porção de comida. Eu não sei quantos de vocês um dia já foram persuadidos a fazer algo, por estarem em uma condição inferior de negociação. Pessoas que visam um crescimento a todo custo, não se importam com o que sua vantagem trará de mal a outra pessoa, esses homens na verdade estão preocupados com o resultado. Mas se existe algo que não pode ser o centro de nossa atenções, esse algo se chama: RESULTADO. Pessoas que objetivam apenas o resultado vivem cada vez pior, na verdade, necessitamos nos pautar nos princípios que iremos usar para alcançar os resultados. Talvez esse fosse o grande problema na forma de crescimento que Jacó adotava, ele havia colocado uma meta de ser o primogênito, e isso pautava a sua vida, até porque as vantagens da primogenitura eram muitas. Como Deus ainda não havia dado a lei a Moisés nessa época, as pessoas eram regidas por alguns códigos de comportamento, e, segundo o Código de Manu em seu Nono Livro
"Art.522. Mas, o mais velho, quando ele é eminentemente virtuoso, pode tomar posse do patrimônio em sua totalidade; e os outros irmãos devem viver sob sua tutela, como viviam sob a do pai."
A tentação de tomar todo o poderio deixado pelo seu pai atraia cada vez mais Jacó para conseguir seu objetivo, ainda mais, sabendo que Abraão era o homem rico e cheio de posses. O direito de primogenitura significava o direito de posse, domínio e decisão sobre o futuro das propriedades da família para o filho mais velho. Enquanto isso, Esaú via sua situação atual que era de fome e perigo iminente de morte, portanto, naquele momento, um prato de lentilhas tinha muito maior serventia que o seu direito de primogenitura. Daí, podemos observar como em muitas situações acabamos nos vendendo por um preço tão baixo. Mediante a aflição pela qual estamos passando, começamos a analisar a situação do agora como se fosse a única possível, mas precisamos saber que não podemos julgar o nosso fim, pelo que vemos hoje. Deus pode mudar as situações, o Senhor poderá agir de forma tremenda e nos tirar de uma negociação que não irá nos ser favorável. Mas não foi assim que pensou Esaú, ele preferiu entregar seu direito, e quem sabe, confiar que o seu pai não aceitasse o negócio feito entre os irmãos, pois, Isaque tinha autoridade para desfazer o negócio, todavia, não imaginava Esaú que os planos de sua mãe e seu irmão eram mais astutos.
É bem verdade que muitas são as críticas sobre a atitude de Rebeca e Jacó, relatada no capítulo 27. Mas precisamos entender um pouco suas motivações. Rebeca ao escutar que Isaque pedia a Esaú que saísse para cassar e preparasse uma comida saborosa para que ele comesse, abençoasse seu filho (passando todo o poder para suas mãos) e depois viesse a morrer, pela sua idade avançada. Fez acender nela, à vontade de ajudar seu filho, ainda mais quando sabemos que ela juntamente com Isaque, havia ficado irritada quando soube que seu filho iria casar com uma mulher filha de povos estranhos, como nos informa o versículo 35 do capítulo 26, nesse texto podemos ver o relato onde Isaque e Rebeca mostram sua tristeza e amargura com a decisão de Esaú. Diante disso, vemos que Rebeca queria na verdade, proteger a sua família das contaminações dos outros povos, mas isso jamais poderia justificar o que ela fez com o Esaú. O plano de Rebeca foi bastante astuto, ela chamou o seu filho Jacó, contou-lhe o que estava para acontecer e apresentou a sua solução:
Gen 27:9,10 - 9 Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta; 10 E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma; para que te abençoe antes da sua morte.
Rebeca não pensa duas vezes, ela queria resolver a situação e ajudar o seu filho. Quantas vezes não estamos no meio de uma dificuldade, prestes a perdemos o que é nosso, e aparecem pessoas, e sempre são pessoas de extrema confiança, para nos apresentar uma bela solução, que nos põe em dúvida? Foi isso que aconteceu com Jacó, ele sabia que era diferente do seu irmão, pois Esaú era peludo e ele não, e que ao chegar no quarto do seu pai, certamente seria reconhecido. Mas, Rebeca confiantemente preparou as melhores vestes de Esaú vestindo a Jacó com elas, e cobrindo-o com peles de cabritos, o fez enganar a Isaque sobre quem realmente o era. O plano deu certo, Isaque foi enganado e abençoou Jacó, contudo, depois que ficou sabendo do que havia ocorrido, ele se enfureceu juntamente com Esaú. Jacó precisou sair de sua terra e seguir até Padã-Harã, para que o seu irmão não o matasse.
Analisando esta situação, vemos como um homem que segue guiado pela sua ânsia de vencer, pode trazer prejuízos a sua casa. Jacó perdeu a confiança de seu pai, do seu irmão, e acabou perdendo sua mãe que morreu logo em seguida, afora isso, ele ainda precisou se refugiar em outra terra para não perder também a vida. É necessário que reflitamos sobre o perigo de tomarmos decisões pautadas unicamente em nosso objetivos, e não ponderarmos as conseqüências que isso trará para nossa casa.
Agora, passando para o capítulo 28, Jacó sai em sua peregrinação a Padã-Harã e durante o caminho pára um pouco para descansar, toma uma pedra e faz como travesseiro. Ali adormece e tem um sonho maravilhoso com anjos que subiam e desciam uma escada que tocava o céu. Ele acorda atemorizado afirmando que Deus estava ali e ele não sabia. Nesse momento o Senhor pela primeira vez se mostra a Jacó, ele fica perplexo, se admira, até faz um voto e promete dizimar, mas não vemos nenhuma mudança na sua vida. Dessa feita, observamos um homem que tem uma primeira apresentação ao Senhor, mas que não nasceu de novo, um homem que até promete a Deus caso fosse bem sucedido em sua nova vida, dizimar de tudo o que ganhasse, mas isso não o fez ter uma nova vida. O Senhor não olha para nossas obras no intuito de usar de sua misericórdia, Ele a tem e nos dá de forma espontânea. Jacó chega a terra do seu tio Labão, lá, casasse com Raquel após trabalhar 14 anos seguidos, nessa terra ele adquire bens, chega ao ápice de sua ascensão financeira, mas continua lhe faltando algo, ele ainda era um homem sem paz. Sua vida era próspera, ele tinha uma bela esposa ao seu lado, mas lhe faltava algo, e isso que Jacó tanto buscava é a paz que excede todo o entendimento, a paz que só encontramos quando temos um encontro verdadeiro com o Senhor.
Agora sim, podemos voltar ao texto inicial, cientes de quem era Jacó e todos os seus feitos até esse momento.
22 E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque.
23 E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
24 Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
Vemos no versículo 22 a narrativa da história da peregrinação de Jacó de volta a sua terra. Esse homem buscava voltar não só as suas origens, ele estava viajando em busca de renovar sua amizade com seu irmão que em outro momento ele havia o enganado, embora esta tenha sido a tentativa de Jacó, ele jamais conseguiria realiza-la sem antes se encontrar com o Senhor. E no momento em que ele chega ao vau de Jaboque, ordena suas mulheres, suas servas e seus filhos a passarem para o outro lado, e ele fica sozinho. É exatamente nesse momento que acontece a passagem mais importante de sua vida, algo que vem nos trazer ensino e edificação depois de milhares de anos. Agora estão apenas Jacó e o Anjo do Senhor, frente a frente. É aí que eu lhe pergunto: Quando temos um encontro frente a frente com o Senhor o que fazer?
Moisés teve um encontro com o Senhor no deserto e apenas o escutou procurando compreender suas ordens. Isaías diante da presença do Senhor chorou temendo sua morte, pois, sabia que diante de um Deus Santo o pecador não pode subsistir, mas Jacó ao invés de se render diante do Senhor prefere lutar contra ele, prefere medir forças com Deus. Pobre coitado, não sabia com quem estava contendendo. E não sabia mesmo, pois Jacó quando se dirigia ao Senhor sempre se referia ao Deus de seus pais, um Deus extremamente transcendente, longe, altíssimo que não poderia acudi-lo na hora da angústia. Lutar com Deus? Que idéia é essa que muitas vezes nós temos, querer contender com o Senhor, questiona-lo? Jó em meio a toda sua aflição tentou questionar ao Senhor e aproveiou para amaldiçoar o dia em que nasceu (Jó 3), mas no capítulo 38 ele recebe um resposta que não esperava, Deus ao invés de responde-lo começa a questionar sobre onde Jó estava quando Ele havia criado todas as coisas, e apresenta todo o seu poder na criação diminuindo o homem ao lugar em que devemos sempre está, na dependência do Senhor.
25 E, vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele.
26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares.
Nos versos 25,26 vemos que Jacó insiste na luta, e que ele não quer deixar o Anjo do Senhor sair daquele lugar (parece até com alguns crentes de hoje que estão dando ordens a Deus e aos anjos), mas isso de nada adianta. O Anjo toca em sua junta na coxa e ali acaba a luta. Meus irmãos a junta onde o Anjo tocou era considerada o suporte do lutador, ela fornecia o equilíbrio necessário para que o valente homem se mantivesse em pé, sem essa junta a luta estava terminada, não havia mais possibilidade de continuar. Dessa mesma forma, acontece em nossos dias, pessoas que já tiveram uma apresentação diante de Deus, como Jacó teve em Betel, mas não tiveram suas vidas mudadas, filhos de crentes que depositam confiança em seus pais para serem salvos, pessoas que passam a vida toda tentando contender com Deus, tais pessoas quando tentam contender com Deus, são imediatamente derrotadas.
Mas eu preciso te falar, que quando o Senhor se revelar diante de você, como se revelou a Jacó, vai ser apenas você e Ele, não dá pra fugir, não dá pra chamar o pai ou a mãe, é face a face, o pecador diante de um Deus justo, e aí você terá coragem de contender com o Senhor?
27 E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
No versículo 27 vemos o Anjo do Senhor questionando a Jacó sobre qual seria o seu nome, ora, será que Deus não sabia quem era aquele homem? Certamente. Na verdade, o Senhor queria trabalhar no caráter de Jacó, pois como vimos, Jacó significava usurpador, enganador, e o Anjo queria escutar da boca dele a confissão de quem ele realmente era. Meus queridos, quando Deus toca em nossos corações ele nos faz enxergar quem realmente somos, ele nos faz confessar os pecados e através da nossa confissão podemos alcançar o perdão, como nos diz o salmista:
Salmo 32
3 Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.
Jacó confessa quem ele era, ele agora toma a real noção de quão longe de Deus estava e quão necessitado era de mudança de vida verdadeira. Quando o Senhor nos faz confessar os nossos pecados, somos verdadeiramente convertidos, no sentido mais estrito da palavra. Nesse momento, tomamos um novo rumo na nossa vida. Aquele que roubava não rouba mais, o que enganava não engana mais, o que mentia passa a falar a verdade e assim mesmo sucede com Jacó.
28 Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste.
No versículo 28, o Anjo do Senhor concede um novo nome a Jacó, agora ele passa a se chamar Israel. Deus quando nos converte nos dá um novo nome, nome de honra como Israel, um príncipe que lutou com Deus e prevaleceu. Quem já teve um encontro com o Senhor precisa honrar esse nome, precisa testemunhar da nova vida que tem, a questão não é ter uma nova vida para ser salvo, mas por causa da salvação dada pelo Senhor, viver conforme a vocação que Ele nos deu.
29 E Jacó lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
Quando chegamos ao versículo 29, vemos Israel agora com seu novo nome procurando conhecer mais ao Senhor, buscando entender mais sobre aquele que havia lhe dado um novo caráter. Precisamos aprender com Jacó, pois aquele que conhece a Deus necessita cada vez mais, conhece-lo para que possa haver intimidade. Assim como disse o profeta Oséias, devemos conhecer e prosseguir em conhece-Lo. Naquele momento Jacó já conhecia ao Senhor, mas ele queria mais, Jacó pretendia ter mais intimidade com o Senhor saber o seu nome. Naquela época, para que o povo cultuasse a um deus, primeiro alguém precisava apresentar o seu nome, assim como aconteceu com Moisés, era uma necessidade que Jacó verificou de conhecer aquele que havia estado com ele, para anuncia-Lo. Mas, o Anjo do Senhor o responde de uma forma diferente, Ele apenas o abençoa. Ora, Jacó não precisava perguntar o nome do Anjo, ele sabia que aquele era o Deus de seus pais, e que agora também era o seu, então porque ainda questionar sobre quem está lhe abençoando. Nós não temos outro por quem clamar, não precisamos questionar ao Senhor sobre coisas que são irrelevantes, Ele é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
30 E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
Jacó agora com seu novo nome, abençoado por Deus faz algo que não podemos nunca nos esquecer, ele testemunha das bênçãos recebidas. O maior milagre que alguém pode experimentar é a salvação, porque ao contrário do que muitos pensam, ela não tem participação alguma do ser humano. O Senhor não usa de justiça para nos salvar, porque se assim o fizesse nós jamais seríamos salvos, haja vista, que o salário do pecado é a morte, portanto, se o Senhor aplicasse a justiça no nosso destino eterno, estaríamos perdidos. Todavia, o nosso Deus usa de misericórdia, e essa, Ele concede a quem quer como lemos em Romanos 9:16. Um ato tão sublime e cheio de amor só pode encher o nosso coração de alegria, era exatamente com Jacó estava, alegre, fascinado pela obra do Senhor, por isso ele declara sua satisfação colocando o nome de Peniel naquele lugar.
Um outro ensino que podemos retirar desse versículo, está ligado a certeza da salvação, Jacó agora não tinha mais dúvidas, ele sabia o que havia acontecido, não temia mas por ter vivido uma vida de engano. A Bíblia nos informa em Romanos 8 que aquele que está em cristo é nova criatura, as coisas velhas já passaram e eis que tudo se fez novo. Então por que ainda temos cristãos que duvidam da sua salvação? Talvez a reposta esteja justamente no entendimento de que suas obras contribuem. A carta aos Efésios nos mostra que é pela graça que somos salvos, portanto, precisamos crer que essa graça nos é suficiente para chegarmos ao céu, não depende de penitencia, boas ações, caridade, humildade, nada disso, todas essas coisas são conseqüências como nos ensina Tiago. O Senhor Jesus nos diz que aqueles aos quais o Pai lhe deu, não vão se perder. Aleluia! Confie no Deus que você tem, Ele não tinha obrigação nenhuma de te salvar, mas se Ele quis, não tema, Ele mesmo vai te fazer chegar ao Céu pela sua misericórdia e não com a sua ajuda.
II Tim. 2:13 - Se somos infiéis Ele permanece fiel, porque não pode negar-se a Si mesmo.
31 E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
Agora é hora de seguir na caminhada, a salvação não fez de Jacó um preguiçoso, a partir de agora ele está mais forte, mais corajoso e ainda tem um grande feito a realizar, Jacó precisava chegar a sua terra e se reconciliar com o seu irmão, além disso, ainda outras grandes batalhas eram preciso ser enfrentadas, contudo, não mais sozinho, agora com a benção do Senhor. Só que na hora que Jacó inicia a sua caminhada, vemos que existe algo diferente na sua vida, agora era um homem marcado, um homem que havia tido o encontro verdadeiro com o Senhor, e esse encontro produzira uma marca para o resto da sua vida. Jacó manquejava. Vocês lembram-se de quando ele foi tocado pelo anjo e a junta da sua coxa foi deslocada, ali não foi apenas um sinal para neutralizar as ações de Jacó, a partir daquele momento ele estava sendo marcado com o símbolo dos salvos, pois todos que o olhassem lembrariam daquilo que o Senhor havia dito. Em nossas vidas quando somos tocados pelo Senhor, talvez não tenhamos uma perna manquejando, mas com certeza temos que ter a marca da cruz em nossas vidas. É imprescindível na vida do crente o carregar a cruz, e disso o Senhor não irá nos poupar, Ele disse: aquele que quer me seguir, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Não dá para ser tocado pelo Senhor e seguir a caminhada da mesma forma, precisamos ter algo diferente em nossas vidas.
O apóstolo Paulo orou por três vezes pedindo que o Senhor retirasse o espinho na sua carne, que tanto o afligia, a reposta do Senhor foi: A minha graça te basta! E é exatamente isso que precisamos entender. Ao carregarmos nossa cruz a única coisa que precisamos estar cientes, é que a graça do Senhor nos basta. Não haverá desvio de função, nem muito menos mudança de planos, o Senhor irá fazer com que nós passemos todos as dificuldades, todos os obstáculos que Ele mesmo colocou para que viéssemos a crescer espiritualmente. O que Ele nos promete é estar ao nosso lado, segurar na nossa mão, Jesus nos incita a que tenhamos bom animo, pois, Ele venceu o mundo. Por isso, prossigamos na caminhada, com destino ao prêmio da soberana vocação (Fl 3:14)
Conclusão
Em meio a um turbilhão provocado pela mídia e pelas forças econômicas os quais tentam nos influenciar com uma falsa idéia de necessidade iminente de vitória em tudo o que fazemos, pouco importando quais os métodos utilizados, nós nos deparamos com uma história como a de Jacó, e vemos que essa ânsia por vitória em nada tem a ver com o que a Bíblia nos ensina. Vencer a todo custo não pode jamais ser a meta de um cristão, nós temos princípios, temos um Deus que nos rege e nos dá parâmetros para que possamos segui-Lo. Contudo, para aqueles que nunca tiveram um encontro com o Senhor, àqueles que preferem, assim como Jacó, contender com Deus, lutar contra o Anjo do Senhor, eu quero lhe dizer que isso que você está fazendo é perda de tempo. O que você dirá diante de Deus, quando estiver face a face com Ele? Durante essa mensagem você escutou a voz de Deus falando ao seu coração, você está diante do Pai, face a face, saiba que ninguém mais além de você e Deus são testemunhas do que está acontecendo contigo, meu querido. Saiba que ninguém pode resistir a graça do Senhor, nem muito menos vencer o Deus onipotente. Hoje eu lhe convido, caso você tenha sido tocado pelo Anjo do Senhor a orar comigo para que Deus lhe mostre um novo caminho a seguir, que você possa ser marcado com as marcas da cruz, que o evangelho tome conta da sua vida, e aí sim, você poderá com alegria no coração declarar que é um vencedor. Você poderá sair daqui dizendo que essa Igreja foi o seu Peniel. Hoje o Senhor falou ao teu coração, não tente lutar contra o Senhor, rendasse a Ele e tenha em ti as marcas da cruz.
Presb. Augusto Brayner