Sermão: O Deus que nunca chega atrasado


Lucas 2:36 Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era muito idosa; tinha vivido com seu marido sete anos depois de se casar 

Lucas 2:37 e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos[9]. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. 
Lucas 2:38 Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Texto: Lucas 2:36-38


Exórdio:
No capítulo um do livro de Gênesis, temos o relato da criação, e nela, podemos observar que duas das primeiras coisas criadas foram a luz e as trevas. Quando o Senhor Deus fez a separação entre dois períodos, chamando um de noite e outro de dia. Desde então, o homem desenvolveu a organização em anos, meses, dias, horas, minutos e segundos. Sendo que cada dia corresponde a vinte e quatro horas que nos são concedidas para que as usemos da forma mais eficaz possível, no intuito de aproveitarmos esse tempo em prol de nossas atividades.
É bem provável que em épocas passadas esse período de vinte e quatro horas fosse considerado pela maioria das pessoas, um tempo mais que suficiente para realização das diversas tarefas diárias. E é válido lembrar que quanto mais se buscar em datas passadas será observado que existiam muitas tarefas a serem feitas, inúmeras delas com a necessidade da utilização de força humana ou animal, e poucos eram os recursos disponíveis que viessem a auxiliar na execução de tais atividades.
Todavia, com o passar dos anos, as tecnologias foram sendo aprimoradas e atualmente existe uma infinidade de formas para se conseguir minimizar o tempo na execução das tarefas, utilizando-se ferramentas modernas que trazem praticidade e agilidade ao homem moderno. Um bom exemplo disso pode ser verificado nos supermercados. Ontem estive em dessas lojas em nossa cidade ao lado de minha esposa, realizando as compras domésticas, e devido ao pouco tempo que temos para gastarmos na cozinha, sempre damos preferência a pratos semi-prontos, o que não nos havia chamado tanta atenção, foi a quantidade e variedade que esse tipo de alimentação está disponível. Nós vimos arroz com vários tipos de preparos, purê de batatas, sanduíches, massas, molhos, enfim, refeições completas que bastam ser levadas ao microondas para serem servidas. Isso realmente é uma maravilha!
Essas facilidades se estendem em outras áreas de nossas vidas como no trabalho. Hoje saímos de casa e não desligamos o alarme do carro para abrirmos a porta, pois tudo isso é feito apenas com um toque no controle, que em alguns veículos também acendem as luzes internas e externas, regulam os bancos, retrovisores deixando tudo no ponto para o motorista dirigir sem perder tempo. Ao se chegar no trabalho, não se começa a trabalhar sem antes ligar um computador e ver como andam seus e-mails de ontem à noite até o amanhecer. Isso se no próprio celular não tivermos a opção de recebe-los, o que já é algo comum. As respostas são dadas rapidamente de forma quase instantânea, pois a pessoa que nos enviou a mensagem também tem pressa em recebê-la. Estamos na era do agora!
As vendas perderam aquela necessidade e o charme da negociação olho no olho, as empresas têm preferido vender via internet e telefone, diminuindo custos e o tempo no atendimento. Tudo chega em nossas mãos com o mínimo de esforço, o máximo de eficiência, a um custo baixo. Ou seja, está tudo perfeito! O homem atual tem tempo de sobra para suas atividades, pois a tecnologia vem auxiliando de forma tal, que o tempo é “mercadoria” abundante. Certo? Errado. Quanto mais a tecnologia evolui, os computadores ficam rápidos, e os celulares ganham mais funções, o tempo do ser humano tem se tornado cada vez mais escasso. As mesmas vinte e quatro horas dadas aos nossos antepassados que não tinham quase nenhuma tecnologia ao seu dispor, nos são dadas hoje e mesmo assim o nosso tempo é mínimo. Quantas pessoas queriam estar aqui na igreja está noite e não vieram porque ficaram presas no trabalho, ou saíram e pegaram uma fila enorme no supermercado ou no shopping, sem falar no transito caótico que faz dos carros super-motorizados verdadeiras carroças que demoram uma eternidade para conseguirem se deslocar? É isso, o tempo é o nosso maior inimigo atualmente e paciência é uma virtude praticamente extinta em nossos dias.
Por melhores que sejam nossos aparelhos eles sempre estão se tornando obsoletos cada vez mais rápido devido a necessidade de diminuirmos o tempo nas tarefas, e mesmo assim o problema só se agrava. Daí, quando um cristão, que logicamente, também está inserido nesse contexto, tem um problema e precisa resolvê-lo começa a sofrer da mesma síndrome que os demais cidadãos, a síndrome da falta de tempo. E é justamente nessa falta de tempo que os crentes tem se chegado a Deus em suas orações tentando fazer com que o Senhor se modernize, entre na era “online” e solucione seus anseios imediatamente. É a doutrina do decreto. O crente faz birrinha, e cheio de argumentos de piedade, tenta colocar Deus na parede para exercer seu “direito” de cobrança.
Hoje estaremos falando sobre O DEUS QUE NUNCA CHEGA ATRASADO. Iremos analisar a história de vida de uma personagem bíblica citada apenas nesse trecho do evangelho de Lucas, Ana, a profetisa.
1. Quem era Ana?
Logo no início do versículo 36, Lucas, escritor do livro, nos informa que Ana era uma profetisa, mulher com um dom extremamente escasso nesses dias. Em toda a Bíblia, apenas algumas poucas mulheres são apresentadas como profetisas do Senhor: Miriã, irmã de Moisés e Arão; Hulda, as filhas de Felipe, o evangelista; e Ana. Embora Paulo tenha proibido as mulheres de ensinarem nos cultos, como relatado em I Coríntios 14, ele não as impediu de profetisar, pois à algumas mulheres haviam sido dadas esse dom, para que o exercesse da forma mais coerente possível. Portanto, Ana era uma mulher que se dispunha a ser usada por Deus, que tinha uma vida de entrega ao Senhor.
Mas, não só isso, Lucas relata que Ana era filha de Fanuel, homem da tribo de Aser. Essa era um tribo que havia se perdido ao longo dos tempos, que tinha pouca honra entre as demais de Israel, nem de longe tinha o poderio de tribos como Judá ou Efraim, o que indica que Ana era uma mulher simples que não tinha nenhum tipo de luxo ou tradição. Além disso, ela era avançada em dias, ou seja, idosa, uma mulher que já havia sofrido bastante, e que serviu a Deus por muitos anos.
Para completar, Ana era viúva, tendo vivido com seu marido, por apenas sete anos. Levando em consideração que as mulheres judias da época já estavam prontas para se casarem aos doze anos, e que não eram aconselhadas a passar muito tempo vivendo na casa dos pais, Ana provavelmente tinha por volta de 20 anos quando ficou viúva, entrando para classe mais desprivilegiada da sociedade. Não é à toa que Tiago disse que a verdadeira religião é visitar os órfãos e assistir as viúvas, pois elas formavam a camada mais pobre da população. Ela estava com oitenta e quatro anos, sendo que provavelmente, havia perdido seu marido a cerca de sessenta anos.
Como vimos, Ana era viúva que sofria a mais de seis décadas, sem nenhuma tradição familiar, e sem esperanças materiais, mas ainda assim, havia algo na vida dessa mulher que a fazia seguir em frente. Existia um sentido na vida dessa idosa de mais de oitenta anos, que não permitia que ela se entregasse a situação. Ana havia ouvido falar entre o seu povo, que existia um Messias prometido a Israel a muito tempo, e que Ele viria para libertar o seu povo da opressão dos inimigos. Ana colocava toda sua fé, todas as suas esperanças no Messias prometido. Ela agiu de uma forma tal, que por mais que sua consciência humana quisesse mostrar o contrário, seus olhos espirituais criam que o Messias viria, e por isso ela permanecia fiel a Deus, o que fica demonstrado em suas atitudes. Vejamos:
1. Ana não deixava de ir ao templo: A promessa havia sido dada desde o Genesis, passando pelos profetas, e isso já fazia milhares de anos e não acontecia, mas mesmo assim Ana não saia da casa de Deus. Quando queremos algo de alguém muitas vezes o vencemos pelo cansaço, mas esse não era o caso de Ana, ela não ia ao templo buscando vencer a Deus pelo cansaço, ela sabia que não existiria lugar melhor para aguardar pelo Messias do que em sua casa. Não pode haver lugar melhor para esperar por alguém do que em sua casa, e Ana sabia muito bem disso. Posso até imaginar quantas vezes ela deva ter saído de casa com uma ânsia enorme de chegar a casa de Deus e receber a notícia que o Messias havia chegado, e voltou para casa triste mais uma vez. Foi assim durante oitenta e quatro anos, Ana saia de casa cheia de esperança e muitas vezes voltava abatida. Mas sabe qual era sua reação no dia seguinte? Ela se dirigia novamente a casa de Deus para buscá-lo. Isso sim é atitude de serva e não ficar tentando antecipar algo que não havia chegado a hora.
Existe uma afirmação mui sábia que diz o seguinte: Se eu tivesse o poder de Deus, eu mudaria tudo, resolveria o problema de todos. Mas pensando bem, se eu tivesse a sabedoria Dele, eu deixaria tudo como está.
Não existe nada melhor e que mais agrade a Deus do que esperar no seu tempo, como disse o salmista:
Salmo 40:1 Esperei com paciência no Senhor e Ele se inclinou para mim
Esperar é uma virtude extremamente sábia quando se tem um Deus como o nosso. Mas, esperar sem deixar de buscar a Ele, é ainda mais sábio.
2. Adorar dia e noite
Louvar a Deus é algo imprescindível na vida do cristão, nós devemos louvar a Deus por tudo que Ele tem nos feito. Mas adorá-Lo é algo ainda mais necessário, porque enquanto louvamos pelo favor de suas mãos, o adoramos por quem Ele é. Deus deseja que o adoremos, e isso não é algo mecânico como em determinadas musicas lentas chamadas de cânticos de adoração. Adorar ao Senhor é entregar-se por inteiro a Ele, é levar uma vida de adoração, uma existência que proclame quem Deus é, não exaltando apenas com os lábios, mas perseverando em o adorá-Lo dia e noite. Era justamente isso que Ana fazia, além de não deixar de ir ao templo, Ana adorava ao Senhor permanentemente. E para que possamos ficar ainda mais envergonhados diante da vida que levamos, precisamos relembrar a difícil situação que essa mulher se encontrava: viúva, idosa, pobre, e há anos pedindo algo que não recebia. Mas Ana prosseguia em adorar a Deus.
3. Jejum e oração
Essa mulher além de ser freqüente na casa de Deus e adorá-lo permanentemente, ainda tinha seus momentos de oração e jejum. Isso é até lógico. Alguém que está em comunhão com Deus, e pretende agradá-Lo e ser abençoado, leva uma vida de oração. Nesses momentos de conversa com Deus certamente Ana repetiu por anos consecutivos uma mesma oração “Senhor, manda o Messias”. Foram longos dias e noites de oração acompanhadas de abstinências, tudo isso, porque Ana esperava no tempo de Deus. Ela não contendia com Deus, tentando mudar o seu tempo nem seus desígnios, mas persistia na sua casa, adorando ao Pai dia e noite, jejuando e orando na esperança de sua vitória.

V.38 - Passados muitos anos de oração e perseverança essa mulher saí de sua casa em mais um dia como os outros, para buscar ao Senhor. Ela se depara com uma maravilhosa cena. Estavam ali José, o carpinteiro, Maria, a virgem, e mais algumas outras pessoas incluindo Simeão que tomando Jesus nos braço cantava alegremente por está vendo o Messias.
Imaginemos a alegria que deve ter tomado conta dessa mulher. Uma velha, viúva e cansada de orar por anos seguidos, chega a casa de Deus e encontra essa festa. Meus amados, o segredo de Ana não foi tentar mudar a vontade de Deus, nem muito menos apressar o seu tempo. Ana simplesmente perseverou, adorou, orou e jejuou, até que o Messias foi dado e a promessa cumprida.
Não importa quanto tempo temos esperado pela obra de Deus para nos livrar de situações difíceis, pois um dia chegará, e não tardará. Deus nos socorrerá na hora certa, e ninguém tomará nossa frente, assim como Ana chegaremos na hora exata para presenciarmos a ação de Deus, e isso nos servirá de grande renovo para que possamos proclamar as bênçãos do Senhor como fez essa mulher.
Conclusão: Em meio à espera pelo cumprimento de uma promessa, muitos pensamentos podem nos vir a mente, mas nenhum deles pode nos retirar da casa do Senhor. A paciência, adoração, jejum e oração, devem fazer parte da vida do crente enquanto espera pela providência de Deus. Ele nos garantiu que não é homem para que minta nem filho do homem para que se arrependa, por isso, nossa posição deve ser de perditirmos servindo e aguardando o tempo de Deus. No caso de Ana, foram sessenta anos de espera, no nosso eu não sei, mas o melhor que podemos fazer é esperar, pois o nosso dia chegará e quando ele chegar onde estaremos? Eu prefiro estar na casa do Senhor, Sal 84:10 - Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios. ...

Presb. Augusto Brayner

 
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