Sejamos como o barro amolecido,
que se torna maleável
ao manuseio do artesão.
Sejamos aquele barro
que facilmente se molda,
que não reclama do exaustivo manuseio,
que espera prontamente
pelo fim da restauração.
Sejamos o barro que não se endurece,
que aceita cada um dos ajustes
feitos pelas mãos do oleiro,
como possibilidade de ser ainda mais útil
depois de pronto, em suas mãos.
Sejamos o barro que quando rachado,
se alegra com a possibilidade de conserto
se submetendo para adquirir nova utilidade.
Sejamos o barro que pacientemente,
confia no bem que só o oleiro pode fazer,
ainda que os ajustes sejam frequentes e incômodos,
pois são extremamente necessários, para que,
o trabalho do oleiro em nós seja, por fim,
um trabalho contínuo de amor
proporcionando o bálsamo da reforma íntima.
Por: Luciana Rodrigues - cristã, historiadora, educadora, cinéfila, poetisa, leitora compulsiva, meio psicanalista e meio teóloga, autora do blog Tende ânimo!